Mesa 2. Crítica de la cultura y sociedad. Desafíos para una sociología crítica del presente

O capital cultural na sociologia de Pierre Bourdieu e a cultura tecnológica e midiática: compreensões e tensões a partir do conceito e seus usos

  • Mezzaroba, Cristiano (UFS, PDE/CNPq)
Resumen

Introdução:
A sociologia elaborada por Pierre Bourdieu é ampla e complexa, com alguns conceitos sendo bastante mobilizados nos mais diversos campos científicos, como o próprio conceito de campo e de habitus, mas também o conceito de capital em suas várias dimensões: econômico, cultural, científico, simbólico, social.
O termo “capital” é oriundo da concepção marxista, e Bourdieu, sendo leitor e crítico de Marx, amplia as compreensões quanto ao conceito, entendendo que não se trata apenas da acumulação de bens e riquezas econômicas, mas de um acúmulo que ao longo de uma trajetória humana vai sendo pautada por simbolismos e materialidades no contínuo processo temporal dentro de estruturações sociais das atividades cotidianas dos agentes (nas interações com família, grupos de amigos, na participação escolar/acadêmica, nas igrejas, nos sindicatos, e na exposição e consumo midiático etc.).
O conceito de capital cultural nos auxilia a pensar quanto às transmissões de saberes e conhecimentos das distintas gerações de uma população, ou seja, apresenta-se, no seu modo simbólico e social, como um tipo de bem, que inicia-se na transmissão familiar (por vias diretas ou indiretas, enquanto sistema de valores) e posteriormente segue sendo mobilizado nas instituições educacionais (saberes, conhecimentos etc.) e outras instituições (como a mídia) pelas quais o agente vai tendo contato, interagindo e sendo socializado.
Trata-se de um conceito que foi formulado por Bourdieu para ser operacionalizado em relação ao desvelamento das desigualdades no contexto escolar, isto é, o pertencimento a determinada classe social vincula um tipo de acúmulo ou não de capitais específicos que geram sucesso ou insucesso escolar. Bourdieu explica que o capital cultural pode ser analisado a partir de três formas: no seu “estado incorporado” (a interiorização de saberes ao longo da vida), no “estado objetivado” (acesso, aquisição e consumo de bens culturais, como livros, dispositivos, acesso à atividades culturais etc.) e no “estado institucionalizado” (títulos escolares e acadêmicos que conferem um capital cultural).
Assim, o entendimento quanto à construção teórica do capital cultural sob a perspectiva bourdieusiana pode ser uma interessante chave de compreensão para deter-se às mediações concernentes àquilo que a cultura tecnológica e midiática do contemporâneo tem proporcionado ao modo atual de vida/cultura, permeado pelo uso e onipresença das mídias e tecnologias, enquanto contínuo exercício reflexivo, pedagógico e sociológico de uma crítica do presente.
Problema de investigação e objetivo:
Perguntamo-nos: Como a sociologia de Bourdieu pode ajudar na compreensão do capital cultural operacionalizado e veiculado na cultura midiática e tecnológica? É possível considerarmos que aquilo que é produzido e veiculado pelas mais diversas mídias, mesmo com seu viés ideológico de mercado, possui algo que, ao ser mobilizado (pedagogicamente), implica em universos formativos que podem se configurar em novos esquemas de incorporação envolvendo informações, saberes e conhecimentos pensando em uma formação cultural?
Objetiva-se uma imersão teórico-conceitual quanto à operacionalização do conceito de capital cultural em Pierre Bourdieu e seus usos e possibilidades em relação à cultura midiática que configura o contemporâneo.
Metodologia:
Será um estudo bibliográfico, com levantamento de fontes teóricas (livros, capítulos, artigos) em formato de ensaio.