Onda Amarela - A Atualidade do Pensamento de Adorno
- Reis, Magali (PUC Minas)
- Bastos, Luciete (UEBA)
Esta pesquisa toma como objeto de análise as imagens memes e cartazes produzidos durante as manifestações civis, ocorridas no Brasil entre os anos de 2015 e 2022 e disseminadas pelas redes sociais, por vídeos “viralizados” e informações divulgadas por veículos de comunicação na rede mundial de computadores (WEB). As evidências reunidas foram analisadas com base nos escritos de Adorno e Horkheimer, e naqueles mais recentes de seus revisores. Dentre o material coletado há jovens que pedem o retorno do regime ditatorial, duas senhoras que indagam “por que não mataram todos em 1964” em referência à perseguição, morte ou desaparecimento de militantes contrários ao regime ditatorial no período de 1964 à 1984 no Brasil, uma idosa lamenta “Por que não te enforcaram no DOI-CODI” referindo-se à ex-presidente do país Dilma Rousseff e as ações do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações Internas, ligado às forças armadas brasileiras com a intervenção e apoio de órgãos estadunidenses. O estudo demonstrou o potencial do pensamento crítico para a compreensão do que se convencionou denominar de “onda conservadora”, compreendida como uma perturbação oscilante de caráter antidemocrático, com defesa explícita à retomada do regime militar, da censura, e do sistema de tortura e assassinato perpetrado e legitimado pelo próprio estado com a anuência ou o silêncio da população, isto é, a obstinada perseguição política e pessoal de oponentes a essa vertente reacionária. Nesta “onda” de protestos conservadores, os civis, caracterizados pela ideia de nacionalismo, utilizam-se da cor amarela como símbolo de sua identidade, bem como aludem ao uniforme oficial da confederação brasileira de futebol (CBF), entidade máxima de representação da seleção brasileira, sobre a qual recai uma série de suspeitas de corrupção. Cabe destacar que as mídias sociais foram os canais mais importantes de comunicação e organização dos protestos conservadores, cuja pauta de reivindicação baseia-se no fim da corrupção, embora utilizem ícones da cultura de massa que se encontram sob suspeita, bem como são marcados pela ausência de liderança explícita, pela rejeição aos partidos políticos e organização político partidária contemporânea. De acordo com informações disponibilizadas online, o público desses protestos caracteriza-se por ser adulta, de classe médias ou abastadas, possuir nível superior e ser residente de áreas nobres das capitais brasileiras. O estudo demonstrou que a barbárie se encontra latente na sociedade e que as expressões de frieza são exacerbadas e explicitadas por meio de diferentes simbologias. O debate que se coloca nesta proposta de ponencia diz respeito, portanto, às dimensões éticas e estéticas de tipos específicos de violência simbólica, de agressão psicológica e física no confronto de ideias, entre outras formas destacadas nas imagens analisadas. Como saída para o estado atual do avanço conservador, retomamos a proposta de Adorno de elaborar o passado.